27 de mar. de 2009

Harry Potter e o Prisioneiro de azkaban

O terceiro livro da série criada por J.K. Rowling é o um dos mais reveladores sobre o passado dos pais de Harry e, conseqüentemente, sobre o futuro do jovem bruxo. Todos os alunos do terceiro ano de Hogwarts têm permissão para visitar o povoado bruxo próximo à escola, Hogsmeade. Como Harry é órfão, precisa recorrer à autorização de seu tio.

É na pior das horas que uma nova personagem entra em cena, tia Guida, irmã de tio Valter. A senhora, fã de uma bebida e criadora de bulldogs, não consegue conter suas opiniões sobre os pais de Harry Potter e um inconveniente acidente acontece. A raiva de Harry faz com que a tia infle como um balão e saia voando pela sala de jantar. Confuso, com raiva e amedrontado, Harry sai da casa dos tios e pretende fugir para longe do mundo trouxa e viver como um fugitivo do ministério da magia pelo resto de sua vida. É então que o garoto avista um imenso cachorro preto, se assusta e, por engano, chama o “Nôitibus Andante”, um ônibus de três andares que foi uma das atrações do terceiro filme produzido pela Warner, sobre o qual falaremos mais tarde. Durante a viagem até o Beco Diagonal, Harry descobre que a prisão de Azkaban, local mais seguro e temido de todo o mundo bruxo, não conseguiu conter um prisioneiro, Sirius Black. Ao chegar no Beco Diagonal o adolescente é recepcionado pelo ministro da magia, Cornélio Fudge. Surpreso com o fato de não ser expulso da escola e, de fato, viver sob os olhares atentos do ministério, Harry termina seu verão em companhia de Rony e Hermione tomando sorvete e sonhando com a nova vassoura de corrida, Firebolt, no Beco Diagonal. Antes de partir para a escola, Arthur Weasley, pai de Rony, explica para Harry que Sirius Black fugiu da prisão para encontrar Harry. A revelação ganha força quando dementadores, guardas da prisão de Azkaban, mantêm a escola segura do aparecimento de Black. O primeiro encontro de Harry com um dementador causa um desmaio e a lembrança de um passado dramático e angustiante preso na memória de Harry, o assassinato de sua mãe. Em seu resgate, surge Remo Lupin, novo professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. A relação não apenas de Harry, mas de todos os alunos, com o professor não poderia ser melhor. Uma nova matéria é introduzida. Adivinhações é ministrada pela professora Sibila Trelawney, uma estranha vidente com feições de inseto. As constantes previsões de morte para Harry apresentam a imagem de um grande cachorro preto, o sinistro, e lembram Harry do que viu quando saiu da casa dos tios e depois durante uma partida de quadribol em que quase morreu e perdeu sua vassoura, a Nimbus 200. Rúbeo Hagrid também entra para a equipe de docentes de Hogwarts. Após a revelação de que nada teve a ver com a abertura da Câmara Secreta 50 anos antes Hagrid pode voltar a praticar magia legalmente e é convidado a lecionar Trato das Criaturas Mágicas. Em sua primeira aula, o hipogrifo (um ser que é metade águia, metade cavalo) Bicuço é apresentado a seus alunos. J.K. Rowling se aproveita da mitologia já existente para criar o mundo de Harry Potter. O hipogrifo é o fruto do cruzamento entre um grifo, animal mitológico com cabeça de águia e corpo de leão, e uma égua. A história começou como uma imagem de impossibilidade de amor. Grifos e cavalos eram vistos em tempos medievais como cão e gato. Um ditado popular foi formado com a idéia de cruzar as duas espécies e daí a imagem do hipogrifo tomou forma. Domar um hipogrifo pode ser muito perigoso e, na mitologia, o animal é usado por grandes magos ou cavaleiros como animais de estimação e montaria. Além de domar Bicuço, Harry aprende a se defender do bicho-papão, uma criatura capaz de se transformar no medo mais profundo de quem o enfrenta. É com a ajuda de Lupin e de um bicho-papão que Harry é ensinado a combater os dementadores, seu maior medo. É em “O Prisioneiro de Azkaban” que a vida pessoal de Harry sofre mudanças mais drásticas, antecipando o que está por vir nos próximos livros. Harry conhece Cho Chang, uma garota um ano mais velha, de família com origem chinesa e excelente jogadora de quadribol. As visitas a Hogsmeade, às quais Harry está proibido de ir, logo são realizadas com a ajuda da capa de invisibilidade herdada por seu pai e um mapa que mostra todo o terreno de Hogwarts e proximidades, além de identificar todos os professores e alunos que caminham pela escola. O “Mapa do Maroto”, como se denomina o pedaço de papel dado a Harry pelos irmãos Weasley, se torna de grande ajuda a Harry, que pode utilizar uma passagem secreta do colégio até uma das principais lojas do povoado e aproveitar o dia de descontração ao lado de Rony e Hermione. Em uma das visitas clandestinas, Harry descobre que Sirius Black era muito mais do que simplesmente um assassino. Era seu padrinho e melhor amigo de seus pais. Foi responsável por Voldemort ter encontrado a casa em que viviam e matou Peter Pettigrew, também amigo de seus pais, por pura diversão. A notícia causa revolta e frustração em Harry. Seu passado recebe uma adição ao que ele já conhecia e agora o sentimento de vingança toma conta de seu coração. Se Sirius Black foi o responsável pela morte de seus pais e ainda assassinou um dos melhores amigos de Tiago, ele merecia morrer. O final do livro narra uma emocionante descoberta e dramática conversa entre Sirius, Harry e Lupin. Todo o futuro do garoto pode ser mudado e muito sobre o passado de Tiago Potter é revelado.
“Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” é um dos livros mais queridos pelos fãs. Diferente dos dois primeiros, o conflito final é entre Harry e Sirius e não entre Harry e Voldemort. Esse diferencial faz com que o livro tenha um ar de novidade que só anima os leitores a continuarem lendo a série. Outro fato atraente em “O Prisioneiro de Azkaban” está em revelações sobre a família de Harry. Até então pouco se sabia sobre Tiago e Lílian Potter. O fato de os dois terem sido assassinados por Voldemort era o máximo que se conhecia sobre suas vidas. É no terceiro livro que parte do passado de Tiago, principalmente, é revelado. Descobrimos que ao lado dele andavam três amigos, Remo Lupin, Sirius Black e Peter Pettigrew, juntos se denominavam os marotos e, para ajudar Lupin, um lobisomem que precisava ficar recluso durante suas noites de transformação, aprenderam a se transformar em animais, eram animagos. Enquanto o livro é um dos favoritos dos fãs, o filme é um dos favoritos entre os cinéfilos, mas nem sempre é adorado pelos que acompanham a série literária. Dirigido por Alfonso Cuarón, a atmosfera infantil dos dois primeiros é deixada para trás e uma cor bem mais sombria toma conta da história de Harry. Os efeitos especiais ganham mais força e uma certa personalidade e Daniel Radcliffe deixa de ser uma criança com aspirações de herói para se tornar um adolescente com crise de identidade. Um paralelo é formado. Enquanto “O Prisioneiro de Azkaban” é um dos melhores filmes da série Harry Potter por ter muito mais identidade própria do que os outros três já produzidos, é também um dos mais odiados pelos fãs por modificar, e muito, o universo original criado por J.K. Rowling e até o espírito da terceira obra, bem menos dramática do que as outras duas anteriores. Cuarón modificou grandes coisas, inclusive o cenário. Criou algumas cenas desnecessárias, como uma em que os meninos do terceiro ano se divertem comendo doces no quarto da Grifinória, e modificou as características de personagens. A morte de Richard Harris, que interpretou Alvo Dumbledore em “A Pedra Filosofal” e em “A Câmara Secreta”, também não ajudou a manter o espírito de Rowling. O substituto, Michael Gambon, é muito mais agressivo e duro na elaboração do seu personagem do que Harris, que demonstrava uma doce fraqueza ao criar Dumbledore. Os fãs, claro, reclamaram. O uso das cores em “O Prisioneiro de Azkaban” é pertinente. Uma tonalidade azul percorre quase todo o longa-metragem e cria uma fotografia quase noturna, como se as duas horas e meia de filme fossem acompanhadas por um luar feroz. Nada mais genial. A idéia ajuda a ilustrar o sentimento de Harry na presença de um dementador e a preparar o espectador para a transformação de Lupin em um lobisomem ao final da projeção. O próprio Cuarón reconhece que, para dirigir um filme de “Harry Potter”, é preciso interferir o mínimo possível. Alguém com grande talento deve recusar a tarefa, pois sabe que ficará preso a uma história e a uma atmosfera pré-definida e que virou febre no mundo inteiro. Qualquer coisa diferente do esperado é rejeitada pelos fãs. A trama confusa de “O Prisioneiro de Azkaban” deixou o filme ainda mais problemático. Somente quem leu o livro entendeu todos os detalhes da reviravolta final e pôde apreciar o encontro entre Harry e seu padrinho, ao invés de guardar por Sirius Black um certo rancor. “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” atingiu a maturidade, mas, para os fãs, esse foi um grande erro. A reunião de tramas e a facilidade com que Rowling amarra todos os detalhes no final de seu livro ficaram de fora devido à maestria de Cuarón em criar obras originais e em tentar dar ao universo potteriano novas possibilidades.

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